Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

Quaresma e Carnaval

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

Quaresma e Carnaval

Pe. Adilson José Colombi

Duas palavras que encobrem duas realidades que aparentemente nada tem a ver uma com a outra. Será assim mesmo? Na verdade, não. A palavra “carnaval” tem sua raiz etimológica em outro termo: “carne”. Daí, “carneval”, depois, “carnaval”. Mas por que essa relação? Para isso, é bom ter presente que a Igreja Católica teve sempre a Páscoa como festa mãe de todas as solenidades litúrgicas. Isto é, a festa litúrgica central e fundamental da fé católica. É por meio dela que se faz a “Memória da Ressureição do Senhor Jesus”, fundamento da fé cristã-católica.

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A Páscoa, porém, sempre foi precedida por um período intenso de preparação catequético/litúrgico de, ao menos, quarenta dias — daí, “quaresma” (em latim, Quadragésima). Período de ritos, pregações, celebrações, atos de piedade variados… Entre esses, destacam-se os jejuns, esmolas e orações. Tempo de conversão e penitência, demostradas por gestos e comportamentos pessoais e comunitários. Um deles era a “abstinência de ingestão de carne”, durante todo o tempo quaresmal.

Este período de tempo era considerado um “adeus carne” ou “despedida da carne”; o que significa que, no Carnaval, o consumo de carne era considerado lícito pela última vez antes dos dias de jejum e abstinência quaresmais. Para dar acento a essa atitude, na terça feira que precedia o início da Quaresma, havia uma comemoração festiva com abundância de comida, sobretudo, carnes, além de diversões de várias modalidades. Era a denominada “terça feira gorda”.

Assim, a terça feira que precedia a Quarta-Feira de Cinzas entrou no calendário, inclusive civil, como um dia especial, sem trabalhos e ocupações corriqueiras, passando a figurar como um dia todo especial de atividades que não eram comuns no dia a dia das pessoas, das famílias e das comunidades.

Com o tempo, a “terça-feira gorda” foi ganhando mais espaço na vida da comunidade. E mais tempo também, ampliando sempre mais, segundo as várias culturas. Na nossa, nós todos sabemos que ocupa, em certas regiões nacionais e ambientes, um destaque que perpassa, praticamente, o ano inteiro.

Claro que há autores que pensam e apresentam outras origens para o carnaval. Também é oportuno lembrar que a Igreja Católica não instituiu o Carnaval.

Todavia, ela teve que reconhecer o carnaval como fenômeno existente, e procurou relacioná-lo aos princípios do Evangelho. Sobretudo, a Igreja fortaleceu a Quaresma. Esse tempo é marcado pela penitência, tanto pessoal como comunitária. Por isso, tem o modo de vivê-lo diferente de outras etapas do Ano Eclesiástico ou Eclesial. Com celebrações mais sóbrias nas cores litúrgicas, nos instrumentos musicais, nas próprias músicas, mais reflexivas, meditativas, penitenciais, nos ornamentos mais simples ou até eliminados…

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É um tempo também favorável para os exercícios espirituais (retiros), as liturgias penitenciais, as peregrinações penitenciais. Pelo Brasil afora, multiplicam-se as oportunidades para viver esse período quaresmal e os próprios dias de Carnaval para essas atividades. São opções apresentadas para quem quer fazer essa experiência.

Aqui no Brasil, a CNBB determinou que, exceto na Sexta-feira Santa, todas as outras sextas-feiras, inclusive as da Quaresma, têm sua abstinência de carne convertida em “outras formas de penitência, principalmente em obras de caridade e exercícios de piedade”.

Salientando, desta forma, propõe realizar um esforço para todos os seus, na medida do possível, tornarem-se agentes de transformação da realidade sociocultural, fecundando-a com os valores do Evangelho.

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