Na última segunda-feira, Marta superou os homens no futebol, ao conquistar pela 6ª vez o prêmio de melhor jogadora de futebol do Mundo. Os melhores jogadores eleitos, com 5 títulos cada um, foram Messi e Cristiano Ronaldo. No Brasil, o último jogador a receber o prêmio, foi Kaká, em 2007. O jogador brasileiro que chegou mais próximo do título de Marta foi Ronaldo, com três premiações (1996, 1997 e 2002). Neymar não ganhou nenhuma vez.

Porém, quando o assunto é visibilidade e a valorização que se dá ao futebol feminino em relação ao masculino, tem-se números bem diferentes. Marta, segundo a revista Forbes, de 2016, ganhava um salário anual de 400.000 dólares (1,27 milhão de reais) enquanto seu compatriota Neymar, na época no Barça, embolsava 14,5 milhões (46 milhões de reais).  Se lhe recompensassem por gols, um de Marta valeria 3.900 dólares contra os 290.000 dólares que valia o de Neymar. Marta somou 103 gols com a seleção, dados de 2016, e Neymar, menos da metade”. Marta, superou, inclusive a marca de Pelé, que realizou 95 gols pela seleção brasileira.

Tudo bem. Fazer comparações não é legal. O futebol masculino ainda tem mais títulos, tradição e adeptos da torcida no Brasil e, em uma lógica bem simplista e machista, se torna um investimento mais rentável aos patrocinadores. O que explica, mas não justifica, um investimento 90% menor nos esportes praticados pelas mulheres. Ressaltando: isso não acontece somente no futebol, mas no surfe, rugby, vôlei, basquete, handebol, só para citar alguns exemplos. As meninas atletas são verdadeiras guerreiras em um país com pouco patrocínio às categorias femininas.

Além da falta de investimento e pouca visibilidade, as mulheres ganham até 40% menos que o mínimo pago para os homens da mesma modalidade; e ganham premiações até 30% menores. Essas informações foram retiradas da campanha Inequality Balls, lançada pelo canal de esportes ESPN.

E tem gente que acredita que o discurso por igualdade de gêneros é bobagem. Lamentável.

Marta, mulher, brasileira, jogadora de futebol, aos 32 anos, representa muitas de nós, que diariamente lutamos para sermos reconhecidas e termos visibilidade em nossas profissões. Obrigada, você nos enche de orgulho!

Clicia Helena Zimmermann – professora

 

 

Foto: Agência Brasil Fotografias