Sai a tela, entram as caixas de som: hoje, em nossa viagem no tempo por 1978, a gente larga o cinema e começa a ouvir velhos discos. Pensando bem, sejamos mais específicos: como a quantidade de discos de estreia daquele ano é muito impressionante e variada, nada mais justo do que começar por eles. Difícil é dar alguma ordem de importância para essas primeiras obras… concorda?
Mesmo com essas dúvidas, a gente começa por aquele que foi considerado um “garoto prodígio”, por ser multi-instrumentista, produtor, cantor, compositor e… perfeccionista. For You, o primeiro disco de Prince, foi lançado quando ele tinha apenas 20 anos de vida. Embora não tenha hits que tenham sobrevivido ao tempo, é uma estreia cheia de potencial – que foi, como sabemos, mais do que confirmado nos trabalhos seguintes dele.
Do “novo funk” sério e sexy de Prince ao som sintético mais divertido, também foi em 1978 que o Devo foi apresentado ao mundo – e já com um hit, a cover incrível de Satisfaction, dos Stones. Q: Are We Not Men? A: We Are Devo! é daqueles discos que a gente começa a ouvir se espantando com o que parece pura loucura da banda… até chegar à conclusão de que a “brincadeira” é genial. E profundamente influente.
Continuando a misturar estilos, também foi em 78 que John Belushi e Dan Aykroyd assumiram os personagens Jake e Elwood Blues, no Saturday Night Live, aquele programa de TV norte-americano que continua servindo até hoje como plataforma de lançamento de comediantes de todos os estilos. Só dois anos depois os Blues Brothers viraram filme… mas seu disco de estreia, Briefcase Full of Blues, já tinha uma de suas versões de mais sucesso, a clássico Soul Man, gravado originalmente por Sam & Dave. Para resumir: quem não ama os Blues Brothers, bom sujeito não é.
Do outro lado do espectro, o mesmo vale para Siouxsie & The Banshees. O pós-punk da banda já era perceptível em sua estreia, mesmo que a data de lançamento de The Scream seja bem mais próxima do auge do punk em si. Aqui, mais uma vez, o hit do disco é uma cover: Helter Skelter, dos Beatles – pelo jeito, essa a melhor estratégia para álbuns de estreia! Se bem que, sejamos justos, o primeiro hit próprio dos Banshees, Hong Kong Garden, foi lançado também em 78, mas como single.
Os dois próximos lançamentos de 1978 são praticamente uma covardia: esse foi o ano de estreia em vinil de outras suas bandas londrinas mais do que marcantes e cheias de hits eternos: The Police e Dire Straits.
O trio encabeçado por Sting já chegou chegando, especialmente para nós, no Brasil, onde os hits do álbum inicial deles explodiram: até hoje, como não cantarolar junto com Roxanne, So Lonely e Can’t Stand Losing You?
Já a banda de Mark Knopler emplacou um hit mundial que é, obrigatoriamente, uma das músicas do ano: Sultans of Swing.
Em comum, além da “geolocalização”, as duas bandas têm algo muito difícil: ambas têm uma sonoridade particular, inconfundível, algo que já não era fácil de se conseguir, naquela época.
Já que a prioridade hoje é falar de estreias em estilos variados, não dá para deixar de lado duas habitantes do lado pesado da força. Sim, porque tanto o Van Halen quanto o Whitesnake lançaram seus primeiros discos em… 1978.
O Van Halen também usou do velho truque de tascar uma cover caprichada em sua estreia. No caso, a excelente versão de You Really Got Me, dos Kinks. Mas usou um truque melhor, jogando na cara do público Eruption, um dos solos de guitarra mais conhecidos de todos os tempos.
Já o Whitesnake entra em outra categoria, a das estreias de quem já é largamente conhecido pelo público. David Coverdale vinha do Deep Purple, uma vantagem inegável, reforçada, para o bem ou para o mal, pela power ballad Is This Love.
Em 78 também lançaram seus primeiros discos o PIL, Kate Bush, Nina Hagen e até Zé Ramalho. Entre muitos outros.
A vitrolinha continua nessa vibe semana que vem…