Motorista, escritor e colono
Hoje, é o Dia do Motorista, profissional que passa sua vida com o “pé na tábua”, mãos e braços na condução de uma máquina chamada caminhão, sua segunda morada e segundo teto sem endereço fixo. É ele que deixa a família, o lar, assume a boleia da sua jamanta para rodar do amanhecer até noite escura e transportar a riqueza da nação por estradas sem fim. O retorno ao lar é sempre incerto. O primeiro destino pode ser um novo ponto de partida para longe da casa e da família.
Ser caminhoneiro é muito viajar e pouco ganhar pelas estradas deste enorme país. É cruzar planícies, subir montanhas, enfrentar calor e frio, sol e chuva, poeira e asfalto, perigo e violência. Vida de caminhoneiro, neste país de 61 mil assassinatos é roleta russa, é apostar contra a morte que pode estar à espreita em cada curva e chegar pelas mãos assassinas dos piratas de cargas das sinistras estradas brasileiras.
Ser caminhoneiro, neste país de rodovias congestionadas, mal conservadas e de pedágio caro, é ser herói, é pau duro, é dirigir sem parar, sem hora para chegar, sem dia para voltar, é epopéia do volante para gente e carga transportar. País sem caminhos de ferro e sem navegação pela imensidão dos 7 mil quilômetros das águas salgadas do Atlântico, muito menos pelas águas doces dos extensos rios que cortam nossa terra continental, a nação brasileira muito deve ao caminhoneiro. Essa enorme dívida foi muito sentida na greve de maio, quando a nação entrou em colapso econômico e a população em pânico, diante da escassez de combustível e de alimentos em geral.
Hoje também é o Dia do Escritor. Tem até decreto, oficializando a data, desde julho de 1960. Estou aposentado, escrevo minhas crônicas, fui eleito para a Academia Catarinense de Letras e, assim, posso dizer que sou um escritor. Não daqueles famosos, autores de best sellers, campeões de livrarias pelo mundo a fora, que vendem milhões e vivem do seu trabalho intelectual. Tenho os meus fieis leitores. Para eles, escrevo a cada semana e isso é suficiente para me sentir também um escritor.
Para mim, escrever é transmitir conhecimento, experiência, emoções e opiniões. É, também, uma forma de ver, sentir, refletir e de imaginar a vida. Este é o sentimento que me invade a alma e que a razão não pode desconhecer, no momento em que estou a redigir meus despretensiosos textos. Afinal, escrever é assumir compromisso com ideias e posições, é botar a cara na vitrina, é submeter-se, com humildade, à crítica do seu leitor. É assim que vejo a arte de escrever.
Nesta quarta-feira, 25 de julho, o agricultor ou colono, essa gente destemida, do trabalho duro para gerar a riqueza agrícola e pecuária desta nação e produzir o pão nosso de cada dia servido à mesa dos brasileiros, também festeja o seu dia. E com muita razão.
A todos esses profissionais, o meu abraço e a minha admiração!