João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - joaojoseleal@omunicipio.com.br

Campanha Fraternidade 2018: mais perdão, menos violência

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - joaojoseleal@omunicipio.com.br

Campanha Fraternidade 2018: mais perdão, menos violência

João José Leal

Acabou o carnaval, festa da euforia, da fantasia. E o ano começa pra valer. Nesta quarta-feira de cinzas, de ressaca para muitos e de meditação para outros, o ser humano tem essas diferenças, a Igreja Católica lança a sua Campanha da Fraternidade de 2018. O tema – “Fraternidade e Superação da Violência” – não poderia ser mais oportuno para chamar à reflexão todos os brasileiros que se preocupam com a segurança, a tranqüilidade e a paz da sociedade em que vivemos.

Ninguém desconhece que a violência é um dos problemas maiores desta nação tão desigual. Somos um “País que Mata”, somos um “Brasil em Guerra Urbana”, somos a “Nação mais Violenta do Mundo”, dizem as manchetes dos meios de comunicação social. E, lamentavelmente, não estão exagerando nem fazendo sensacionalismo. Desde o começo deste século 21, vivemos uma tragédia marcada pela matança sem controle, mergulhados num banho de sangue que escorre pelas veias das ruas e becos das cidades brasileiras.

A realidade aí está, aterradora e os números são assustadores. Os mais de 60 mil assassinatos ocorridos a cada ano, causam uma multidão de vítimas. Somam mais do que todos os mortos da América do Sul, mais que os assassinados de todos os 28 países da União Européia, mais do que os mortos de países em guerra como a Síria. Mata-se muito mais no Brasil do que na Índia, na China, nos Estados Unidos. Aqui, são 29 assassinatos enquanto que, nos países europeus, não passa de 3 por 100 mil habitantes. Vivemos uma espiral perversa de violência que continua subindo.

Infelizmente, parece que aprendemos a nos resignar com a banalização da violência, desde que a vítima seja o outro, longe do nosso quintal. A nos conformar com esse trágico quadro de vidas humanas sacrificadas na ponta de um punhal ou pela bala mortífera vomitada de uma boca de fogo.

Foi muito feliz a Igreja Católica ao escolher este tema. Na sua linguagem visual, de expressiva mensagem humanística, o cartaz da Campanha já fala por si só. Mostra um grupo de pessoas de diferentes idades e etnias de mãos dadas. Representa a multiplicidade da sociedade brasileira para nos dizer que só o amor, a solidariedade e muita fraternidade vencerão a violência, numa sociedade tão dividida, de tanta exclusão social.

E o hino da Campanha deste ano nos ensina que é preciso fermentar a união de todos para criarmos uma verdadeira cultura de paz, que se constrói com mais fraternidade, mais perdão do que sangue derramado . A violência, diz o salmo do novo canto religioso, está no coração de quem “não sabe amar”. Estaremos, nós, preparados para essa missão ecumênica?

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