Empresários de Brusque avaliam perspectivas para a economia em 2018
Incertezas relacionadas à eleição presidencial são a principal causa de preocupação para este ano
Incertezas relacionadas à eleição presidencial são a principal causa de preocupação para este ano
O ano de 2018 será determinante para os rumos da economia brasileira. Com a eleição presidencial se aproximando, cresce também a incerteza sobre a política-econômica a ser adotada daqui para frente.
Com isso, a alegada recuperação gradual da economia, comemorada pelo governo federal e por investidores, poderá ser afetada por esse cenário de incerteza.
O jornal O Município ouviu empresários, representantes de entidades representativas de Brusque e um economista para saber quais são, na visão deles, as perspectivas para a economia brasileira em 2018. Acompanhe.
Quando esta entrevista foi feita, em dezembro, Michel Belli ainda era o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Brusque. Para ele, a economia em 2018 continuará “em pleno crescimento, e mais pujante que 2017”.
“As incertezas políticas da próxima eleição podem até frear os investimentos por parte de grandes empresários, principalmente dos investidores internacionais, mas nosso comércio varejista não sentirá esse recesso”, garante.
Belli cita números do comércio varejista, do crescimento do PIB para justificar seu otimismo, assim como questões locais.
“Para Brusque que em 2018 esperamos ter concluída a duplicação da Antônio Heil, nosso comércio e nosso turismo será diretamente favorecido. Nossa cidade é de trabalhadores e empreendedores, pessoas destemidas e criativas, o que falta é a ajuda dos governantes para podermos gerar empregos, renda e crescer mais ainda”, avalia Belli.
Para o presidente da Associação Empresarial de Brusque (Acibr), Halisson Habitzreuter, o cenário é visto como mais incerto, sobretudo para o segundo semestre do próximo ano.
“A gente prevê a recuperação na economia de uma forma lenta. A gente acredita que ela vai ser sustentável, mas vai depender do cenário político, da aprovação da reforma da Previdência e as eleições”, avalia.
Ele acredita que a economia vai “reagir de uma forma bem drástica se nós tivermos um retorno do PT ou se nós tivermos uma manutenção de atual ideologia política”.
Na visão de Habitzreuter, os investidores ficarão muito receosos por uma eventual volta do PT ao poder, e isso poderia trazer uma nova crise econômica.
“No primeiro semestre acreditamos numa recuperação gradual, dependendo da reforma da Previdência, se aprovada ou não”, avalia, “e para o segundo semestre vai depender muito da questão das eleições”, conclui.
O presidente da Associação das Micro e Pequenas Empresas de Brusque (Ampebr), Ademir José Jorge, é um dos que está otimista para 2018, apesar das incertezas que a eleição presidencial traz.
“Apesar dos últimos anos com uma crise política e financeira que vem se agravando há bastante tempo, a gente notou uma crescente em 2017, no segundo semestre”, afirma Jorge. “Falando do têxtil, sentimos uma retomada sensível da economia”.
Ele acredita que haverá uma ascensão na economia, no que diz respeito ao setor têxtil, em 2018. Isso se deve, segundo o presidente da Ampebr, ao fato do consumo estar mais equilibrado, assim como os juros.
“Na área têxtil, com certeza vamos ter notícias mais positivas na economia. Ela se ajustou um pouquinho, o consumo está equilibrado e o ano será mais positivo do que em 2017”, opina Jorge.
Para o economista Eduardo Guerini, as notícias não são boas este ano. Na avaliação dele, embora os investidores apontem que há uma expectativa de crescimento econômico, a situação do país, na prática, ainda é adversa.
“O que se vê hoje é uma expectativa de crescimento, embora os indicadores de consumo das famílias e dos investimentos tenha sido negativo nos últimos meses, então não se tem uma recuperação efetiva”, avalia.
Guerini cita também que a alegada recuperação do emprego comemorada pelo governo é ilusória, na sua avaliação. Ele explica que o Planalto tem incluído nas contas o emprego informal, que não gera benefícios sociais.
“O governo considera 1 milhão de vagas geradas com os informais, que não tem direito social nenhum. Ocupação é uma coisa, emprego é outra”, diz.
O economista avalia, ainda, que a eleição presidencial irá bagunçar ainda mais a economia brasileira.
“Com a eleição, o leque de incertezas irá aumentar, e não diminuir. O governo não tem mais força para imprimir uma agenda de reformas”, diz.
“A tributária e a previdenciária não terão mais o mesmo apoio que a trabalhista, porque o Congresso e os partidos estão pensando na sobrevivência política. O instinto de sobrevivência irá falar mais forte”.
Em que pese a incerteza do ano eleitoral, o reitor da Unifebe acredita que 2018 será um ano de retomada da economia.
“Já percebemos que a partir do segundo semestre de 2017 todos os índices econômicos vêm apontando, de forma constante e contínua, uma melhoria no cenário econômico”, afirma.
Para ele, essa tendência será mantida. O fator eleições, na sua avaliação, pode ser altamente positivo para uma melhora ainda mais rápida da economia, mas também pode representar momentos de apreensão.
“Isso é algo que vamos ter que nos deparar no próximo ano. De modo geral, acreditamos que o ano que se inicia continue com essa retomada econômica para a estabilidade e crescimento, que são tão importantes para diminuir o desemprego e manter índices de controle de inflação”, afirma.