Entidades e comerciantes avaliam projeto de revitalização da praça Barão de Schneeburg
Avaliação é que é necessário discutir mais os pontos específicos
Avaliação é que é necessário discutir mais os pontos específicos
A anunciada revitalização da praça Barão de Schneeburg, embora elogiada por comerciantes e trabalhadores do entorno do local, é vista com ceticismo. Entidades de classe avaliam que é necessário dar uma nova cara ao espaço público, mas é preciso ouvir sugestões e buscar, em primeiro lugar, resolver o problema social dos moradores de rua.
A Prefeitura de Brusque apresentou, no início deste mês, um projeto de revitalização da praça. A remodelação será feita em etapas, e começou com a demolição do prédio onde funcionou a Banca Jardim. A previsão é que seja iniciada em agosto ou setembro.
Apesar de ser pedida há anos, a revitalização ainda não está bem clara. Não se sabe, exatamente, o que haverá no espaço. O Departamento Geral de Infraestrutura (DGI) está finalizando o projeto executivo.
O projeto foi apresentado à Associação Empresarial de Brusque (Acibr). Para o presidente da associação, Halisson Habitzreuter, é necessário levar em conta a segurança, acima de tudo.
“Entendemos que a praça tem que ser um lugar bem aberto, sem lugares que ficam fora do campo de visão”, diz Habitzreuter. Com isso, a ideia é que dificulte a ação de criminosos ou consumo de drogas, como já acontece em outras praças do município.
Habitzreuter avalia positivamente a revitalização proposta. Contudo, ele aponta algumas dificuldades práticas. “Os restaurantes nos prédios é interessante, mas é de difícil implementação”, afirma Habitzreuter.
O empecilho é que já existem comércios no lugar dos restaurantes, portanto, para colocar em prática seria necessário negociar com os locatários e proprietários.
Sem comunicação
Quando enviou o comunicado à imprensa sobre o projeto, a Prefeitura de Brusque informou que estava em contato com os comerciantes e com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). No entanto, o presidente da CDL, Michel Belli, afirma que não tem conhecimento do novo projeto.
Segundo Belli, a CDL de Brusque recebeu a última proposta relativa à praça Barão de Schneeburg ainda na gestão de José Luiz Cunha, o Bóca. Desde então, de concreto, ele não tem conhecimento de projetos do poder público.
Belli defende que o projeto seja mais discutido com a sociedade em geral, e especialmente com arquitetos e engenheiros, para ter um parecer técnico das melhores opções. “Quando se trata do coletivo, é importante ouvir profissionais”. De acordo com ele, o projeto do antigo governo “não era interessante”.
Para os funcionários e comerciantes que frequentam todos os dias a praça, o projeto da prefeitura é positivo, mas não resolve o principal problema: a ocupação dos andarilhos. A demolição da antiga Banca Jardim não chegou perto de amenizar a situação, segundo relatos.
Ainda é comum que os andarilhos fiquem na praça e, em alguns casos, abordem transeuntes. Recentemente, O Município recebeu um relato de que uma mulher tentou ir à paróquia São Luis Gonzaga, mas foi abordada. Com medo, teve de dar a volta para poder chegar à igreja.
A gerente da Tropicana, Eduarda Ferreira, afirma que a situação não melhorou. “Os mendigos estão ali [em frente à loja] do mesmo jeito”. Para ela, o projeto não resolverá a questão, pois “quanto mais pessoas, melhor para os andarilhos”.
O gerente da Reset Games, Willian Motta, tem a mesma opinião. O raciocínio deles é que, com mais pessoas, os mendigos ganharão mais esmola e comida, o que irá desmotivá-los a desocupar o local.
Há relatos de que os andarilhos recebem comida regularmente, além de dinheiro, por isso não saem da praça. As mesmas pessoas contam, reservadamente, que já testemunharam o consumo de drogas.
O proprietário do Pigalle Lanchonete e Restaurante, João Cesar Sgrott, cobra ações mais enérgicas do poder público, da polícia e do Judiciário. Ele fez um abaixo-assinado para pedir a retirada dos andarilhos, mas não obteve sucesso.
O restaurante é movimentado no horário do almoço, e muitos clientes têm de passar em meio aos moradores de rua. A demolição da antiga banca reduziu a quantidade de andarilhos, mas o problema continua a incomodar Sgrott.
“Ninguém mais respeita, e como fica o homem de bem?”, questiona. Para ele, o projeto da prefeitura não resolve a questão dos moradores de rua, portanto, o problema continuará no Centro da cidade.
A prefeitura afirma que tem abordado os mendigos. Um albergue foi montado na Arena Brusque, mas a adesão não chega ao máximo por resistência dos usuários, conforme diversas entrevistas dos secretários de Assistência Social nos últimos anos.
A Assistência Social não tem o poder de obrigar os andarilhos a ir ao albergue ou buscar tratamento – nos casos cabíveis -, tampouco a Polícia Militar, que também tem limitações legais.