Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

Só na política há corrupção?

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - padreadilson@omunicipio.com.br

Só na política há corrupção?

Pe. Adilson José Colombi

Claro que não! A maioria das pessoas, porém, associa política com corrupção. Tornou-se corriqueira a ideia: “Todo político é ladrão. Corrupto” E até pensam que só, na política, existe a corrupção. Não tem consciência que, em sua vida, em sua família, na escola, na empresa, nas várias denominações religiosas… também a corrupção está presente e muitas vezes se instala, fazendo seus estragos.

Não é por acaso que até a própria ONU já advertiu que a corrupção é crime. É a maior fonte de quase todos os males que afligem as Sociedades e Culturas. Com frequência está presente e atua nas eleições dos chefes de Nações; nas manobras políticas e nas ocupações de cargos chaves por pessoas indignas, despreparadas para os postos, sem princípios éticos que visem o bem comum; nas compras de votos, por vezes, decisivos a respeito de escolhas que beneficiam somente pessoas ou parcelas da sociedade em detrimento da grande maioria; licitações desonestas e interesseiras, lesando o erário público; desvio, malversação e desperdício do dinheiro público, lesando quase sempre os mais necessitados; promoção e usufruto do tráfico de drogas, de pessoas e órgãos humanos; a impunidade, etc, etc..

Bem que a Bíblia, bem antes de Cristo, na Antiga Aliança no livro do Eclesiástico, registrava: “Aquele que ama o ouro não estará isento de pecado; aquele que busca a corrupção será por ela cumulado. O ouro abateu a muitos… Bem-aventurado o rico que foi achado sem mácula… Quem é esse homem para que o felicitemos? Àquele que foi tentado pelo ouro e foi encontrado perfeito está reservada uma glória eterna:… ele podia fazer o mal e não o fez” (Eclo 31, 5-10). São palavras de Deus para todos nós.

A Palavra de Deus não está dizendo tudo isso só para os políticos. Muita gente fora da política que cultiva escolhas, grávidas de corrupção, que lesam aos outros com toda a cara de pau e até com ar de santidade. São sugadores do Estado com benesses auferidas, por vias escusas. E não são políticos profissionais. Mas, praticam a “política da corrupção” que, infelizmente, tem mais adeptos que muitos partidos políticos considerados grandes. Muitas vezes são esses que votam por dinheiro ou por qualquer negócio que lhe é favorável. Votam apenas por emprego. Por indicação de parentes para alguma função pública qualquer. Todos esses são corruptos e corruptores.

O Papa Francisco com frequência retoma esse tema: a corrupção. Lembra que todos somos pecadores. Mas, a corrupção é um passo a mais: o corrupto perdeu a noção do bem e do mal. Se serve do exemplo de Pedro e de Judas Iscariotes. Dois Apóstolos, escolhidos por ele. Lembrou que São Pedro foi pecador, mas não corrupto, ao passo que Judas, de pecador avarento, acabou na corrupção. “Que o Senhor nos livre de escorregar neste caminho da corrupção. Pecadores sim, corruptos, não.” (Homilia, 4/6/2013).

No atual clima de corrupção e venalidade que invadiu o sistema social, político, eleitoral e governamental, é bom todos nós revermos as nossas escolhas. Rever se estamos nos servindo de critérios que tenham valores éticos e morais que visem o bem comum, não apenas bens particulares ou individuais. Sempre é salutar ter presente que a consciência não tem preço, mesmo que isso custe caro, às vezes até a própria vida.

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